Quaisquer que sejam as
especificidades do propósito de um homem, ele deverá sempre renovar o elemento
transcendental da sua vida através de meditação regular e recolhimento. Um
homem nunca deveria perder-se nos detalhes da sua vida e esquecer que, no final
de contas e, de verdade, a vida não significa mais do que aquilo que é a
profunda verdade deste momento presente. As tarefas não tornam um homem mais
consciente ou livre do que a sua capacidade de estar totalmente presente neste
momento.
Provavelmente terá já dado por si
em “piloto automático”. Está totalmente focado, obstinado em terminar uma
tarefa. Você não quer ser interrompido. Se alguém tenta interrompê-lo com
alguma questão, você ignora a pessoa ou, então, dá-lhe uma resposta rápida para
poder manter-se em andamento. Este modo de “piloto automático” é muito comum
entre os homens. Se tenta ouvir algo na televisão ou procura terminar um
relatório por volta da meia-noite, a sua atenção está focada na tarefa em mãos
e você não quer ser distraído.
Este modo de “piloto automático” é
uma das maiores forças e fraquezas masculinas. É óptimo ter a capacidade de
avançar através das obstruções e ter o trabalho concluído. E é bom que se
mantenha disciplinado e com propósito. Mas, se esquecer o seu propósito mais
vasto enquanto persegue as pequenas e intermináveis tarefas da vida diária,
ter-se-á reduzido a uma máquina picadora.
Mesmo agora, enquanto lê este
assunto, poderá estar em modo “piloto automático”, totalmente absorvido no
processo da leitura. Se fosse morrer agora, qual seria a textura de sentimento
do seu último momento? Estará a sentir o infinito mistério da existência de tal
modo que o seu último momento seria um de assombro e gratidão? Estará o seu
coração tão totalmente aberto que o seu último momento se dissolveria em
profundo amor? Ou, por outro lado, estará tão absorvido nalguma tarefa que nem
sequer daria pela chegada da morte, até ao último instante e então, de repente,
tudo desapareceria?
O teste à sua plenitude em cada
momento é a sua capacidade de morrer em livre e amorosa rendição, sabendo ter
dado tudo o que podia enquanto vivo no sentido de oferecer a sua dádiva e
conhecer a verdade do Ser. Terá amado totalmente? Ou terá dentro de si
sentimentos inexpressos que manchariam o seu último momento com arrependimento?
Você relaxa constantemente no assombro do imenso mistério? Ou, estará tão
absorvido no seu trabalho e projectos que não mais se dá conta do milagre da
existência, de cada momento emergindo e dissolvendo-se dentro do grande
incognoscível. Terá o seu vício nas tarefas construído muralhas que limitam a
vastidão da sua visão, mesmo agora?
As tarefas são importantes mas,
nenhuma quantidade de tarefas acrescenta nada ao amor, à liberdade ou à plena
consciência. Você não poderá fazer o suficiente, nem poderá fazer as coisas
certas, de modo a poder sentir-se, finalmente, completo. A dimensão do fazer é
simplesmente a natureza da sua vida física. Se quiser que o seu corpo continue
vivo terá de comer e respirar. Você tem de trabalhar, cuidar da sua família e
lavar os dentes. Mas estes são apenas os mecanismos da vida terrena. Eles nunca
se aproximam da verdade absoluta do seu Ser.
Quando realiza as suas tarefas da
forma certa, elas libertam a sua energia vital de uma tal maneira que lhe
permite dar atenção ao que realmente interessa. A investigação, realização e
estruturação da verdadeira liberdade. Você sabe por acaso o que isto significa?
Ter-se-á devotado a encontrar a mais profunda verdade da sua própria
existência? Se, neste preciso momento, as suas tarefas não apoiam a sua vida
desta maneira, deverá abandoná-las ou mudá-las o suficiente para que possam
apoiar. Doutro modo estará a desperdiçar a sua vida.
Da mesma forma que muitas mulheres
gastam tempo precioso das suas vidas envolvidas em problemas e complicações
emocionais, muitos homens desperdiçam a sua na busca do complemento de tarefas.
Com o nariz virado para vida do trabalho, dia após dia, ano após ano e você
torna-se um robot do dever. Em vez disso, levante os seus olhos, vislumbre o
horizonte e faça as suas tarefas com o espírito de quem varre a sua casa num
dia de sol.
Para ajudá-lo a relembrar a
trivialidade das suas tarefas diárias, interrompa a sua rotina com
refrescadores. Estes refrescadores deveriam levá-lo ao seu centro e despojá-lo
da densidade do momento. Considere a sua própria morte. Retenha a imagem do ser
mais iluminado que conhece. Contemple o mistério da existência. Relaxe no amor
mais profundo que lhe for possível. No seu próprio caminho, relembre o
infinito, e depois retorne à tarefa em mãos. Deste modo, nunca irá perder a
perspectiva e começar a pensar que a vida se resume a uma questão de tarefas.
Você não é um robot. Você é o ilimitado mistério do amor. Seja-o, sem esquecer
as suas tarefas.
Fonte: O propósito do Homem
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